Tuesday 15 July 2014

Final à lupa: Alemanha pressionante e Argentina recuada.

Na figura “rede de acções” do Argentina-Alemanha, vemos as acções realizadas com a bola pelos jogadores, tais como passes, lançamentos, cortes de cabeça, cantos, cruzamentos. O tamanho dos nós (jogadores) é definido pelo número de jogadores com que interage cada jogador. A largura das ligações aumenta em função do número de acções realizados entre dois jogadores. Os nós mais amarelos significam menor precisão nas ações, mais vermelho indica maior precisão.




Na rede de acções do jogo, a Alemanha teve a posse de bola ao longo de quase todo o jogo, como se pode ver pelas ligações mais fortes e também pela intensidade de interacções. Na primeira fase de construção, a Alemanha trocou a bola principalmente através de Lahm, destacando Lahm-Boateng. Lahm ligou-se a Schweinsteiger que foi o responsável pela ligação aos outros médios, principalmente Kroos e Ozil. Com a compacta defesa da Argentina, as ligações a Klose foram escassas, surgindo principalmente pelo corredor direito com as subidas de Lahm.

A defender, a equipa da Alemanha pressionou no meio-campo adversário. No entanto, a Argentina conseguiu criar algumas situações de golo em ataques rápidos que exploravam o espaço livre deixado pelos defesas.

Na segunda parte, já com Schurrle (substituiu Kramer aos 31’), a equipa alemã atacou mais pelos corredores laterais. Do lado direito Lahm, ligou-se a Ozil e Muller. Do lado esquerdo Schurrle foi muito solicitado por Howedes e Kroos. A ligação com o avançado Klose diminuiu, sendo Muller a principal referência na frente, mas sem conseguir criar situações de remate à baliza, devido provavelmente à acção da defesa Argentina.

Para o prolongamento, entrou Gotze para o lugar de Klose que, numa altura em que ambas as equipas apresentavam baixa intensidade de passes, encontrou a oportunidade para marcar o golo (aos 113’) que deu a vitória e o título de campeão do mundo à Alemanha.


A rede de acções da Argentina destaca-se pela pouca posse de bola (ligações mais fracas em comparação com a Alemanha).
A rede é diferente da do jogo com a Holanda, mostrando menos posse de bola na zona defensiva. A Argentina teve várias situações de golo, nomeadamente por Messi e por Hinguain, mas sem grande precisão.

Na primeira parte as ligações mais fortes são entre os defesas laterais e os médios alas, nomeadamente Zabaleta-Lavezzi. A bola chega aos laterais pelos centrais e em particular de Mascherano, na segunda fase de construção.
 A precisão de Messi é reduzida, possivelmente pelo pouco espaço dado pela equipa alemã. São
raras as ligações Messi-Hinguain.  Na segunda parte, a rede da Argentina aumentou o número de ligações. Mais posse de bola dos médios centro Enzo Perez, Mascherano e Biglia e pelo corredor central, mas com funções distintas. Messi foi mais solicitado nesta parte, não tendo uma posição fixa. Baixaram as ligações de defesas centrais para laterais pelos corredores e passaram a jogar mais com os 3 médios centro e estes, por sua vez, ligavam-se aos avançados.
No prolongamento a
rede da Argentina teve muito menos ligações que a da Alemanha.
Notam-se os padrões em triângulo do lado esquerdo, por Garay-Rojo-Biglia e Mascherano-Biglia-Garay.
Palacio entrou aos 78’, rematou mas com pouca precisão.
A Alemanha apresentou ao longo dos jogos da meia-final e final padrões bem definidos, localizados no meio-campo e no corredor central, embora com ligações aos corredores laterais.

A Argentina apresentou como padrão mais estável, ao longo da meia-final e da final, as ligações entre defesas centrais e o médio central Mascherano. As ligações aos avançados são mais fracas mas existentes, possivelmente devido à estratégia de contra-ataque que caracterizou o jogo apresentado pela Argentina neste Mundial.


A dinâmica de cada equipa ao longo do jogo pode ser captada em forma de rede. A rede é constituída por nós (jogadores posicionados aproximadamente como em campo) e ligações (setas) entre os nós. A análise da dinâmica da equipa implica que se incluam os jogadores substituídos (tempo de jogo à frente do nome), por isso mais de 11 jogadores podem fazer parte da rede. Do mesmo modo, jogadores que não tenham feito um mínimo de 3 passes podem não aparecer na rede e deste modo temos as ligações mais estáveis na dinâmica da equipa.

Projecto do Laboratório de Perícia no Desporto da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa em parceria com o Programa Doutoral em Ciências da Complexidade (ISCTE-IUL e FCUL).
Coordenador:
Duarte Araújo (FMH-UL)
Equipa:
Rui Lopes (ISCTE-IUL e IT-IUL)
João Paulo Ramos (ISCTE-IUL e FEFD-ULHT)
José Pedro Silva (FMH-UL)
Carlos Manuel Silva (FMH-UL)

Análise publicada no jornal PÚBLICO online de 14/07/2014 e em papel a 15/07/2014:
http://www.publico.pt/desporto/noticia/a-final-a-lupa-pressao-sustentada-da-alemanha-venceu-uma-argentina-recuada-e-a-procura-do-contraataque-1662863

Friday 11 July 2014

Holanda-Argentina à lupa: Holanda com jogo lateral e Argentina a circular a bola entre defesas e médios

Na figura “rede de acções” do Holanda-Argentina, vemos as acções realizadas com a bola pelos jogadores, tais como passes, lançamentos, cortes de cabeça, cantos, cruzamentos. O tamanho dos nós (jogadores) é definido pelo número de jogadores com que interage cada jogador. A largura das ligações aumenta em função do número de acções realizados entre dois jogadores. Os nós mais amarelos significam menor precisão nas ações, mais vermelho indica maior precisão.





Na rede de acções da equipa da Argentina é visível a elevada troca de bola entre os dois defesas centrais, Demichelis e Garay, e o médio Mascherano. Mascherano funcionou como médio de ligação entre os dois corredores, especificamente a E. Perez na esquerda, e a Zabaleta na direita que por sua vez ligava a Biglia. Nota-se o peso mais defensivo da Argentina, também pelas ligações fracas entre os elementos do meio campo, e do meio campo para os avançados Higuain, Messi e Lavezzi; O jogador mais dinamizador do ataque da Argentina foi E. Perez.
Provavelmente devido à pressão dos jogadores holandeses, Messi viu reduzida a sua capacidade para construir e ligar-se a Higuain e Lavezzi. Todavia foi o jogador que mais procurou acções individuais no sector de finalização, sendo quem mais rematou à baliza da equipa Argentina. A entrada dos jogadores Rodriguez aos 81’ e de Palacio no prolongamento, dinamizou o ataque, proporcionando à Argentina oportunidades para marcar golo (ver remates à baliza).

Na rede de acções da Holanda vemos muitas ligações entre os 3 defesas centrais e os laterais. De Jong foi o médio responsável pela ligação entre os sectores, mas as suas ligações mais fortes são para trás ou para o lado.  Pode-se ver na rede a existência de muitas interações na linha defensiva e poucas ligações aos avançados, feitas essencialmente pelos laterais. Vlaar teve um papel importante ao ser o defesa central que mais cortes efetuou, impedindo a bola de chegar aos avançados argentinos. Na segunda parte, Robben ligou-se mais a Clasie e Sneijder, o que equilibrou a equipa e permitiu maior aproximação à área contrária, quer pela ligação dos defesas a médios (destaque para Janmaat e Kuyt) e destes para os avançados, quer pelas incursões de Robben na área argentina. Sneijder fez poucas ligações aos jogadores avançados e Van Persie esteve praticamente isolado na frente da equipa.
 
Através da análise da intensidade de passes, a Holanda esteve melhor a partir de meio da 2ª parte e prolongamento ,muito pela acção de Robben e Clasie que realizaram muitas interacções com muitos jogadores diferentes.

A dinâmica de cada equipa ao longo do jogo pode ser captada em forma de rede. A rede é constituída por nós (jogadores posicionados aproximadamente como em campo) e ligações (setas) entre os nós. A análise da dinâmica da equipa implica que se incluam os jogadores substituídos (tempo de jogo à frente do nome), por isso mais de 11 jogadores podem fazer parte da rede. Do mesmo modo, jogadores que não tenham feito um mínimo de 3 passes podem não aparecer na rede e deste modo temos as ligações mais estáveis na dinâmica da equipa.

Projecto do Laboratório de Perícia no Desporto da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa em parceria com o Programa Doutoral em Ciências da Complexidade (ISCTE-IUL e FCUL).
Coordenador:
Duarte Araújo (FMH-UL)
Equipa:
Rui Lopes (ISCTE-IUL e IT-IUL)
João Paulo Ramos (ISCTE-IUL e FEFD-ULHT)
José Pedro Silva (FMH-UL)
Carlos Manuel Silva (FMH-UL)


Análise publicada no Jornal Público online e em versão papel de 11 de julho 2014:
http://www.publico.pt/desporto/noticia/holandaargentina-a-lupa-holanda-com-jogo-lateral-e-argentina-a-circular-a-bola-entre-defesas-e-medios-1662512#/0

Thursday 10 July 2014

"Mineiraço" à lupa: Alemanha  isolou o ataque do Brasil e separou os seus laterais .

Na figura “rede de acções” do Brasil-Alemanha, vemos as acções realizadas com a bola pelos jogadores, tais como passes, lançamentos, cortes de cabeça, cantos, cruzamentos. O tamanho dos nós (jogadores) é definido pelo número de jogadores com que interage cada jogador. A largura das ligações aumenta em função do número de acções realizados entre dois jogadores. Os nós mais amarelos significam menor precisão nas ações, mais vermelho indica maior precisão.

Na rede de acções do jogo, a Alemanha iniciou o jogo com os defesas e médios próximos entre si (ausência de ligações fortes entre defesas e médios) e à entrada do meio-campo. Esta disposição despoletou na equipa do Brasil muitos passes longos, que terminavam frequentemente nos defesas alemães ou em Neuer que jogou quase como líbero (chegou a sofrer uma falta fora da área). Veja-se a menor precisão dos jogadores brasileiros e o reduzido número de ligações entre os alas e os outros jogadores. As ligações mais fortes do Brasil foram entre o médio L. Gustavo e os defesas Dante e David Luiz. Com o golo aos 11' de bola parada (situação já anteriormente usada pela Alemanha e que resultou em golo nos jogos com Portugal e com França), a equipa alemã aumentou a pressão (ver a intensidade de passes), começou a realizar mais ataques rápidos, aproveitando a subida e desorganização dos defesas do Brasil (poucas ligações entre defesas centrais e laterais) e que resultou em 4 golos em 7 minutos. De destacar o médio Kroos, que além de ligar muitas vezes com Schweinsteiger na organização do jogo, e ter uma grande precisão nas suas acções, teve também o seu papel na criação e realização de situações de finalização (marcou golo aos 24' e 26' e fez uma assistência para golo).


Na segunda parte, o Brasil apresentou uma maior intensidade de passes e a Alemanha aproximou os médios dos defesas, situados perto da grande área. Com a entrada de  Schurrle (58’), a Alemanha aumentou a intensidade das suas interacções e surgiram dois golos deste jogador (aos 69' e aos 79'). De destacar na rede de acções da Alemanha que, ao contrário da maioria das equipas já analisadas e que apresentaram fortes ligações entre os seus defesas e médios, a Alemanha mostra as ligações mais fortes entre os médios e avançados. Em termos da intensidade dos passes, de salientar que foi maior na equipa do Brasil, no início de ambas as partes do jogo, mas depois, a intensidade foi substancialmente superior na equipa da Alemanha.



O Brasil, embora tenha realizado um jogo distinto dos anteriores, manteve a forte ligação entre L.Gustavo, D. Luiz e Dante, bem como a construção do ataque pelos corredores laterais (Marcelo-Hulk e Maicon-Óscar). A Alemanha por outro lado, mostra muitos padrões estáveis ao longo dos jogos, centrados na ligação entre médios e atacantes, sendo Kroos um jogador central, e destacando as ligações Lahm-Schweinsteiger-Ozil e Lahm-Muller.



A dinâmica de cada equipa ao longo do jogo pode ser captada em forma de rede. A rede é constituída por nós (jogadores posicionados aproximadamente como em campo) e ligações (setas) entre os nós. A análise da dinâmica da equipa implica que se incluam os jogadores substituídos (tempo de jogo à frente do nome), por isso mais de 11 jogadores podem fazer parte da rede. Do mesmo modo, jogadores que não tenham feito um mínimo de 3 passes podem não aparecer na rede e deste modo temos as ligações mais estáveis na dinâmica da equipa.

Projecto do Laboratório de Perícia no Desporto da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa em parceria com o Programa Doutoral em Ciências da Complexidade (ISCTE-IUL e FCUL).
Coordenador:
Duarte Araújo (FMH-UL)
Equipa:
Rui Lopes (ISCTE-IUL e IT-IUL)
João Paulo Ramos (ISCTE-IUL e FEFD-ULHT)
José Pedro Silva (FMH-UL)
Carlos Manuel Silva (FMH-UL)

Análise publicada no jornal Público online de 10 de julho de 2014:

Saturday 5 July 2014

Brasil-Colômbia à lupa: Jogo coeso do Brasil contrastou com a defesa desarticuldada da Colômbia

Na figura “rede de acções” do Brasil-Colômbia, vemos as acções realizadas com a bola pelos jogadores, tais como passes, lançamentos, cortes de cabeça, cantos, cruzamentos. O tamanho dos nós (jogadores) é definido pelo número de jogadores com que interage cada jogador. A largura das ligações aumenta em função do número de acções realizados entre dois jogadores. Os nós mais amarelos significam menor precisão nas ações, mais vermelho indica maior precisão.




A rede de acções do Brasil revela uma elevada utilização dos corredores, através dos seus defesas laterais: Marcelo e Maicon. Estes jogadores dinamizaram o ataque e potenciaram a ligação com os médios e os avançados. Fernandinho estabelece a ligação entre corredores, da esquerda para a direita - Marcelo-Fernandinho-Maicon, e a ligação entre os defesas centrais: T. Silva-Fernandinho-David Luiz. Óscar circulou a bola do corredor direito para o esquerdo, inclusivamente para David Luiz e Marcelo. Através das ligações Marcelo-Hulk e Maicon-Óscar, o Brasil expressou frequentes transições diretas Defesa-Ataque. No centro são visíveis as ligações dos médios centro (Paulinho e Fernandinho) aos avançados assim como alimentação destes através dos médios alas (Hulk e Óscar). Os médios revelam um elevado nível de precisão. Hulk foi o jogador que mais rematou à baliza e Neymar o jogador que mais rematou.

Na rede de ações da Colômbia, destaca-se James Rodriguez para quem converge um grande número das ligações desta equipa. Quando passou para o centro, na 2ª parte, tornou-se o elo de ligação, tanto no sentido longitudinal (dos médios para os avançados) como no sentido lateral (da esquerda para a direita e vice-versa). Guarin e Armero foram os jogadores que apoiaram as suas ações. A Colômbia apresenta na defesa uma rede com poucas ligações, com poucas interacções dos defesas centrais Zapata e Yepes aos médios. Estes defesas também não apresentam ligação entre si e Sanchez não apresenta ligações fortes com os laterais e avançados, mostrando que a Colômbia quase não circulou a bola entre os corredores e no sentido da baliza. A entrada de Bacca, jogador que conseguiu criar algumas situações de perigo (entre elas o penalty que originou o golo da Colômbia aos 80’), coincide com a maior intensidade de passes da Colômbia (ver o gráfico das interações ao longo do jogo).


Em termos da intensidade dos passes, é visível o ascendente do Brasil, na primeira parte e início da segunda. Mas a partir do 50’, a Colômbia expressou sempre um maior número de interacções por minuto. Esta mudança está associada à passagem de James Rodriguez para o centro. No único momento em que o Brasil voltou a ter maior número de interacções, aos 69’, foi precisamente quando ocorreu o segundo golo do Brasil (D. Luiz).
A dinâmica de cada equipa ao longo do jogo pode ser captada em forma de rede. A rede é constituída por nós (jogadores posicionados aproximadamente como em campo) e ligações (setas) entre os nós. A análise da dinâmica da equipa implica que se incluam os jogadores substituídos (tempo de jogo à frente do nome), por isso mais de 11 jogadores podem fazer parte da rede. Do mesmo modo, jogadores que não tenham feito um mínimo de 3 passes podem não aparecer na rede e deste modo temos as ligações mais estáveis na dinâmica da equipa.

Projecto do Laboratório de Perícia no Desporto da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa em parceria com o Programa Doutoral em Ciências da Complexidade (ISCTE-IUL e FCUL).
Coordenador:
Duarte Araújo (FMH-UL)
Equipa:
Rui Lopes (ISCTE-IUL e IT-IUL)
João Paulo Ramos (ISCTE-IUL e FEFD-ULHT)
José Pedro Silva (FMH-UL)
Carlos Manuel Silva (FMH-UL)

Análise publicada no jornal Público online de 5 de julho de 2014:
http://www.publico.pt/desporto/noticia/a-lupa-jogo-coeso-do-brasil-contrastou-com-defesa-desarticuldada-da-colombia-1661781


Alemanha-França à lupa: Alemanha dominou o corredor central.

Na figura “rede de acções” do Alemanha-França, vemos as acções realizadas com a bola pelos jogadores, tais como passes, lançamentos, cortes de cabeça, cantos, cruzamentos. O tamanho dos nós (jogadores) é definido pelo número de jogadores com que interage cada jogador. A largura das ligações aumenta em função do número de acções realizados entre dois jogadores. Os nós mais amarelos significam menor precisão nas ações, mais vermelho indica maior precisão.



Na rede de ações vemos que os jogadores do meio-campo alemão revelam abundantes ligações, tanto à defesa como ao ataque. Este é um indicador de um tipo de ataque, o ataque organizado, predominantemente utilizado pela Alemanha. Schweinsteiger foi o principal responsável pela construção o ataque alemão. A colocação de Lahm do lado direito fez com que a Alemanha utilizasse muito esse corredor, sendo dele as ligações mais fortes da equipa (com Muller e com Schweinsteiger). Kroos foi menos influente no ataque da Alemanha em comparação com jogos anteriores, possivelmente devido ao meio-campo da França, povoado por 3 jogadores mais defensivos. A defender, a Alemanha jogou com os jogadores do meio-campo próximos dos da defesa, o que impediu a França de jogar pelo corredor central. Esta organização obrigou a França a um jogo direto, o que facilitou a ação de Hummels (autor do único golo aos 13’), jogador responsável por muitas recuperações e cortes de bola, embora a maioria destes cortes tenha sido para fora (ver a precisão na rede de acções). A grande mobilidade da equipa da Alemanha, principalmente no meio-campo, fez com que os seus jogadores ocupassem diferentes posições e partilhacem muitas ligações. Por exemplo, Khedira, Schweinsteiger, Kroos e Muller têm 5 a 7 ligações com jogadores diferentes.
Na rede de acções de França, destaca-se a grande precisão e maior número de passes dos defesas centrais e do defesa direito. Há uma grande influência dos dois defesas laterais na segunda fase de construção do ataque, em que se utiliza os corredores laterais para chegar a sectores mais ofensivos. Algumas das ligações mais fortes são precisamente entre defesas laterais e extremos: Debuchy-Valbuena e Evra-Griezman. Os extremos foram os elementos-chave para chegar ao avançado Benzema, que mostrou uma precisão elevada, quer na entrega em apoio ao médio Matuidi, quer nas situações de finalização na baliza alemã (ver figura de remates). Estas ligações contrastam com a fraca ligação dos elementos do meio-campo ao avançado Benzema. Em termos do meio-campo, destaca-se o posicionamento recuado de Cabaye que se liga num triângulo com os dois centrais na primeira fase de construção do ataque. Cabaye ligou a linha defensiva ao sector do meio campo e ligou os jogadores do meio-campo Pobga-Matuidi, facilitando a circulação de bola entre os dois corredores laterais. Valbuena foi o jogador mais procurado no ataque da França estabelecendo várias ligações, especialmente com Debuchy e Pogba. A circulação da bola da França segue o sentido do corredor direito para o esquerdo.
 
Em termos do número de passes, há uma maior intensidade da Alemanha na 1ª parte e inicio da 2ª, mas nos últimos 30 minutos a França elevou o seu número de interações. 
Se juntarmos esta rede da Alemanha, a outrs 2 jogos anteriores (com Portugal e com o Gana), vemos que as ligações mais fortes estão ao centro entre Lahm, Kros, Schweinsteiger e  Khedira. Sendo os 3 primeiros, jogadores com elevada precisão.

 A dinâmica de cada equipa ao longo do jogo pode ser captada em forma de rede. A rede é constituída por nós (jogadores posicionados aproximadamente como em campo) e ligações (setas) entre os nós. A análise da dinâmica da equipa implica que se incluam os jogadores substituídos (tempo de jogo à frente do nome), por isso mais de 11 jogadores podem fazer parte da rede. Do mesmo modo, jogadores que não tenham feito um mínimo de 3 passes podem não aparecer na rede e deste modo temos as ligações mais estáveis na dinâmica da equipa.

Projecto do Laboratório de Perícia no Desporto da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa em parceria com o Programa Doutoral em Ciências da Complexidade (ISCTE-IUL e FCUL).
Coordenador:
Duarte Araújo (FMH-UL)
Equipa:
Rui Lopes (ISCTE-IUL e IT-IUL)
João Paulo Ramos (ISCTE-IUL e FEFD-ULHT)
José Pedro Silva (FMH-UL)
Carlos Manuel Silva (FMH-UL)

Análise publicada no jornal Público online de 5 de julho de 2014:
http://www.publico.pt/desporto/noticia/alemanhafranca-a-lupa-alemanha-dominou-o-corredor-central-1661775


Saturday 28 June 2014

A participação de Portugal na fase de grupos à lupa: Fluxo do jogo maioritariamente pelo corredor direito. 

O terceiro jogo de Portugal na fase de grupos do Mundial foi com o Gana. Apresentamos a análise deste jogo, ligando-a ao desempenho de Portugal nos restantes jogos. Na figura “rede de acções” do jogo Portugal-Gana, vemos as acções realizadas com a bola pelos jogadores, tais como passes, lançamentos, cortes de cabeça, cantos e cruzamentos. O tamanho dos nós (jogadores) é definido pelo número de jogadores com que interage cada jogador. A largura das ligações aumenta em função do número de acções realizados entre dois jogadores. Os nós mais amarelos significam menor precisão nas ações, mais vermelho indica maior precisão.


A rede que caracteriza a dinâmica de interacções de Portugal revela que as ligações mais fortes ocorreram de e para Moutinho, com Nani, Carvalho e Ronaldo. Moutinho fez a ligação entre o meio-campo e os jogadores avançados, sendo quem mais interagiu com os 3 jogadores atacantes. Estabeleceu também a ligação com o corredor direito, para Pereira. Estas ligações de Moutinho foram diferentes nas dinâmicas de Portugal em jogos anteriores, onde os defesas laterais eram quem apresentava mais ligações com os médios alas. A mudança pode ter sido despoletada com a inclusão do médio Amorim.

Por outro lado, William Carvalho foi essencial na primeira fase de construção do ataque, circulando a bola entre os defesas centrais. Fez também a ligação com o corredor esquerdo, para Veloso. Participou na segunda fase de construção do ataque, sendo um elemento de ligação entre a defesa e o meio-campo, ligando-se a Moutinho e Amorim. Revelou também fazer a ligação de um corredor para outro, fazendo chegar a bola aos médios alas.

Os jogadores do meio-campo ligaram-se pouco a Éder, tal como tinha acontecido em jogos anteriores. No entanto os defesas Bruno Alves e João Pereira solicitaram-no em ataques rápidos. Na defesa as ligações mais fortes são do lado esquerdo, com Pepe a ligar com Moutinho e Bruno Alves. Bruno Alves e Veloso a procurar preferencialmente Carvalho.

A rede de acções do Gana mostrou uma forte ligação dos defesas laterais para os médios alas. Asamoah apresentou uma forte ligação com Mensah. Badu substituiu Muntari, realizando um padrão na circulação de bola para o corredor direito, para o defesa Afful e deste para o médio Atsu. Os dois alas ligam-se ao avançado Gyan sem reciprocidade, uma vez que é um jogador de finalização, mas com fraca precisão. O remate que acertou na baliza fez golo. A precisão dos jogadores portugueses foi bem maior que a dos ganeses, tendo sido Cristiano Ronaldo o jogador que mais rematou à baliza.

No gráfico da intensidade de passes ao longo do tempo de jogo,  verifica-se que os ganeses poucas vezes fizeram mais de 6 passes seguidos, o que demonstra a grande apetência para explorar o contra-ataque. O golo do Gana surge de contra-ataque após recuperação de bola do lado direito, no meio campo (Gyan, 57’). O golo surge num momento em que Portugal praticamente não tem interações.
Os dois golos de Portugal surgem aquando as duas variações mais altas seguidas de intensidade de passe, quer na 1ª parte (aos 31’), quer nas duas variações mais altas sucessivas de intensidade de passe na 2ª parte (Ronaldo, 80’).

Ao longo dos três jogos, a equipa de Portugal teve várias alterações de jogadores nos vários sectores:
1) na defesa: Pereira e Amorim à direita; Veloso, Coentrão e A. Almeida à esquerda; Pepe e Costa no centro;
2) no meio campo: Meireles e Amorim; Veloso e Carvalho; 3)
no ataque: H. Almeida, Postiga e Éder; 4)
na baliza: Patrício, Beto e Eduardo. Estas alterações são expressas na dinâmica da equipa, pela ausência de interacções estáveis em muitos dos seus elementos.
O padrão se pode verificar é precisamente entre dos jogadores mais utilizados: Pereira-Moutinho-Nani .
Para a ligação da defesa ao meio-campo verifica-se a importância  de B. Alves a receber muitos passes e a ligar com Meireles/Veloso e Moutinho. Na exploração de situações de ataque, verifica-se a ligação entre os defesas laterais e Moutinho e deste para Ronaldo e Nani. João Moutinho foi muito procurado para circular a bola entre corredores, ligando-se fortemente aos dois laterais e aos dois médios alas.
Éder foi mais procurado pelos defesas, indicando a procura de jogo directo para o ataque português. Manifestou também ligações com os jogadores posicionados mais à direita como é o caso de Moutinho e Nani.
A dinâmica de cada equipa ao longo do jogo pode ser captada em forma de rede de acções. A rede é constituída por nós (jogadores posicionados aproximadamente como em campo) e ligações (setas) entre os nós. A análise da dinâmica da equipa implica que se incluam os jogadores substituídos (tempo de jogo à frente do nome), por isso mais de 11 jogadores podem fazer parte da rede. Do mesmo modo, jogadores que não tenham feito um mínimo de 3 passes podem não aparecer na rede e deste modo temos as ligações mais estáveis na dinâmica da equipa.

Projecto do Laboratório de Perícia no Desporto da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa em parceria com o Programa Doutoral em Ciências da Complexidade (ISCTE-IUL e FCUL).
Coordenador:
Duarte Araújo (FMH-UL)
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Rui Lopes (ISCTE-IUL e IT-IUL)
João Paulo Ramos (ISCTE-IUL e FEFD-ULHT)
José Pedro Silva (FMH-UL)
Carlos Manuel Silva (FMH-UL)

Gana-Alemanha à lupa:  O perigo do Gana vem dos corredores laterais.

Na figura “rede de acções” do Gana-Alemanha, vemos as acções realizadas com a bola pelos jogadores, tais como passes, lançamentos, cortes de cabeça, cantos e cruzamentos. O tamanho dos nós (jogadores) é definido pelo número de jogadores com que interage cada jogador. A largura das ligações aumenta em função do número de acções realizados entre dois jogadores. Os nós mais amarelos significam menor precisão nas ações, mais vermelho indica maior precisão.

A rede de ações do Gana mostra que os defesas laterais são os elementos que realizaram ligações mais fortes, no caso do corredor direito entre Afful e Atsu e no corredor esquerdo a ligação Asamoah-Mensah. Estes jogadores fazem a ligação com os jogadores atacantes. Os dois corredores são ligados sobretudo por Muntani, havendo uma tendência de circular a bola da direita para a esquerda e pouco no corredor central em direcção à baliza adversária. Os golos do Gana surgiram de um cruzamento da linha lateral e de um contra-ataque.
A rede de da Alemanha tem uma densidade superior ao Gana. Construiu o jogo de trás para a frente, com Lahm a jogar perto dos dois defesas centrais e a ser acompanhado subida dos laterais. Lahm apresenta-se como o jogador que dinamiza, pelo elevado número de interacções, a segunda fase de construção do ataque ligando a defesa ao meio campo. Kroos continua a ser o jogador a fazer a ligação entre o meio-campo e o ataque, sendo ainda procurado para a circulação de bola de um corredor lateral para outro (ligação com Khedira e Ozil). Neste jogo a Alemanha teve preferência em utilizar os jogadores do corredor esquerdo, em comparação com o jogo com Portugal em que utilizaram mais o corredor direito (tal como fizeram os EUA). Gotze e Muller são os jogadores alemães com mais remates e simultaneamente com maior precisão (à baliza) e apresentaram ligações com os elementos do meio-campo superiores às ligações do Gana entre médios e atacantes, demonstrando posse de bola em zona do campo mais avançadas e centrais. Os golos surgiram de um canto e de um cruzamento em diagonal dentro do corredor central. O Gana rematou menos que a Alemanha, mas teve mais jogadores a rematar à baliza. Em relação ao jogo Gana x EUA, os ganeses neste segundo jogo apresentaram menos interacções ao longo do jogo.

Em termos da intensidade das interacções ao longo do tempo do jogo, a Alemanha foi dominante praticamente em todo o jogo, mostrando mais ligações antes de marcar o primeiro golo e antes de ganhar o canto que originou o segundo golo (Gotze 51’ e Klose 71’). Mas é interessante constatar, no caso do Gana, que apresenta uma fase em que manifesta superioridade de interacções da qual acontece o primeiro golo (A. Ayew 54’). Já o segundo golo (A. Gyan 63’) surgiu de um contra-ataque num momento em que a Alemanha apresentava maior intensidade de interacções que o Gana.

Na rede de acções que sintetiza os dois jogos realizados neste Mundial pelo Gana, realça-se a ligação forte do triângulo: Mensah-Asamoah-Muntari. Estes dois últimos ligam-se ao extremo esquerdo A. Ayew, o qual tem pouca precisão, não dando seguimento a muitas jogadas. Em termos de precisão nas interacções (menos perdas de bola e passes falhados), destaca-se defesa esquerdo Asamoah, o médio Rabiu e o extremo Atsu. Ambos os corredores laterais são muito usados no ataque, com especial destaque para o corredor direito. Os defesas laterais ligam-se directamente ao avançado centro Gyan. Por outro lado, os dois médios Muntari e Rabiu ligam-se pouco. No jogo com Portugal, Munari não irá jogar devido a acumulação de cartões amarelos.
A dinâmica de cada equipa ao longo do jogo pode ser captada em forma de rede de acções. A rede é constituída por nós (jogadores posicionados aproximadamente como em campo) e ligações (setas) entre os nós. A análise da dinâmica da equipa implica que se incluam os jogadores substituídos (tempo de jogo à frente do nome), por isso mais de 11 jogadores podem fazer parte da rede. Do mesmo modo, jogadores que não tenham feito um mínimo de 3 passes podem não aparecer na rede e deste modo temos as ligações mais estáveis na dinâmica da equipa.

Projecto do Laboratório de Perícia no Desporto da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa em parceria com o Programa Doutoral em Ciências da Complexidade (ISCTE-IUL e FCUL).
Coordenador:
Duarte Araújo (FMH-UL)
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João Paulo Ramos (ISCTE-IUL e FEFD-ULHT)
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Analise publicada no jornal Público online em 26 de junho de 2014
http://www.publico.pt/desporto/noticia/ganaalemanha-a-lupa-o-perigo-do-gana-vem-dos-corredores-laterais-1660412

Monday 23 June 2014


Portugal-EUA à lupa: Ligação entre médios e atacantes e pouca precisão no remate de Portugal despoletados pela densidade defensiva dos jogadores dos EUA.



Na figura “rede de acções” do Portugal-EUA, vemos as acções realizadas com a bola pelos jogadores, tais como passes, lançamentos, cortes de cabeça, cantos e cruzamentos. O tamanho dos nós (jogadores) é definido pelo número de jogadores com que interage cada jogador. A largura das ligações aumenta em função do número de acções realizados entre dois jogadores. Os nós mais amarelos significam menor precisão nas ações, mais vermelho indica maior precisão.


A rede de ações dos EUA mostra que jogaram com dois médios defensivos (Jones e Beckerman) e apenas com um avançado (Dempsey), reforçando o meio-campo em relação ao jogo com o Gana. Esta alteração facilitou a construção do ataque dos EUA, cuja rede está mais orientada no sentido do ataque. Para isso contribuiu o jogo distribuído por Bradley, que em conjunto com Beckerman, potenciaram o corredor direito, em que Johnson subiu muitas vezes no campo e criou várias situações de remate à baliza. Foi por este corredor que surgiu o 2º golo dos EUA (Dempsey aos 81’). Esta organização dos EUA foi bem sucedida em impedir a construção do ataque de Portugal pelo corredor central, e a impedir a ligação entre os médios e o avançado centro, Éder. Ver diferenças entre a dinâmica na primeira e na segunda parte do jogo.




Na rede de Portugal, as ligações mais densas são entre elementos do mesmo sector, representando uma posse de bola que avança pouco no campo. Mesmo os jogadores mais avançados no campo apresentam um padrão de passes para trás, com especial destaque para Éder. Éder rematou à baliza sobretudo após recuperar a bola a jogadores estadunidenses. As ligações com o ataque foram maioritariamente pelo corredor direito, entre João Pereira, Moutinho e Nani. Moutinho foi o jogador responsável por conduzir o ataque português, como revelam as muitas ligações realizadas para ele. No entanto, estas ligações foram inconsequentes para a eficácia portuguesa, devido à imprecisão das acções de Nani e aos remates para fora de Ronaldo. Apesar disso, Portugal rematou mais vezes e com mais jogadores, tendo sido Cristiano Ronaldo o jogador português que mais remates realizou. Na sua maioria, os remates portugueses surgiram de cruzamentos ou de ressaltos de bola após os cruzamentos, como aconteceu nos dois golos de Portugal.



Portugal recuperou muitas vezes a bola e manteve-a na sua posse: o turnover mais vermelho indica que a bola se manteve na posse da equipa. Todavia foi num turnover dos EUA que Jones recuperou a bola de Nani e marcou o primeiro golo dos EUA (Jones, 64’).



Em termos da intensidade dos passes ao longo do tempo do jogo, Portugal foi dominante no início (Nani marcou aos 5’), embora ao longo da primeira parte os EUA tivessem durante mais tempo um maior número de passes. Na segunda parte Portugal aumentou a intensidade, verificando-se uma maior supremacia no final do jogo (Varela marcou aos 90’+5).



A dinâmica de cada equipa ao longo do jogo pode ser captada em forma de rede de acções. A rede é constituída por nós (jogadores posicionados aproximadamente como em campo) e ligações (setas) entre os nós. A análise da dinâmica da equipa implica que se incluam os jogadores substituídos (tempo de jogo à frente do nome), por isso mais de 11 jogadores podem fazer parte da rede. Do mesmo modo, jogadores que não tenham feito um mínimo de 3 passes podem não aparecer na rede e deste modo temos as ligações mais estáveis na dinâmica da equipa.
Projecto do Laboratório de Perícia no Desporto da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa em parceria com o Programa Doutoral em Ciências da Complexidade (ISCTE-IUL e FCUL).
Coordenador:
Duarte Araújo (FMH-UL)
Equipa:
Rui Lopes (ISCTE-IUL e IT-IUL)
João Paulo Ramos (ISCTE-IUL e FEFD-ULHT)
José Pedro Silva (FMH-UL)
Carlos Manuel Silva (FMH-UL)
Publicado no Jornal Público online de 23 de junho:
http://www.publico.pt/desporto/noticia/euaportugal-a-lupa-pouco-ataque-pelo-meio-e-pouca-precisao-no-remate-1660182

Sunday 22 June 2014

Gana-EUA à lupa: Bradley é o cérebro de uma equipa que preferiu o contra-ataque

Na figura “rede de acções” do Gana-EUA, vemos as acções realizadas com a bola pelos jogadores, tais como passes, lançamentos, cortes de cabeça, cantos, cruzamentos. O tamanho dos nós (jogadores) é definido pelo número de jogadores com que interage cada jogador. A largura das ligações aumenta em função do número de acções realizados entre dois jogadores. Os nós mais amarelos significam menor precisão nas ações, mais vermelho indica maior precisão.

Na rede de ações, a ligação mais forte nos EUA é Beasley-Jones.  Todavia, Jones dá uma continuidade previsível a estas acções, ou para Johannsson ou para Dempsey, tendo no entanto sido através desta última ligação que surgiu o 1º golo. Acrescido a isso, os EUA mostram que os médios centrais participam em muitas jogadas e com grande precisão, nomeadamente  Beckerman e Bradley o qual liga com Johannsson no ataque, e também ele com muita eficácia. Bradley é o jogador responsável pela organização do ataque da sua equipa como o demonstram as muitas relações que estabelece com os seus colegas. Pelo lado direito vemos que Zusi e  Johnson são também jogadores com elevada precisão nas suas acções, contrastando com Bedoya, que embora participe em muitas interacções, tem menor precisão. O golo aos 30 segundos de Dempsey pode ter influenciado os EUA a aproximar-se da sua baliza e sair preferencialmente em contra-ataque (o canto em que Brooks  marcou o segundo golo, aos 86', foi na sequência de um contra-ataque), dando espaço para a equipa do Gana ter mais a posse da bola.
Quanto ao Gana, revela uma maior precisão em todos os jogadores excepto o atacante Gyan. A ligação entre os defesas e os médios é muito mais robusta que a ligação entre médios e atacantes. O Gana apresenta várias ligações estáveis, nomeadamente Asamoah-Muntari, Opare-Atsu e Mensah-Asamoah.  Asamoah é um jogador muito influente e eficaz na 1ª construção do ataque, tendo participação essencial no golo do empate marcado por A. Ayew aos 82’. Já Opare é o jogador com mais passes errados do Gana: 15. No meio-campo, Essien é um jogador que revela grande precisão e influencia na equipa embora só tenha jogado cerca de 20’.


A dinâmica de cada equipa ao longo do jogo pode ser captada em forma de rede. A rede é constituída por nós (jogadores posicionados aproximadamente como em campo) e ligações (setas) entre os nós. A análise da dinâmica da equipa implica que se incluam os jogadores substituídos (tempo de jogo à frente do nome), por isso mais de 11 jogadores podem fazer parte da rede. Do mesmo modo, jogadores que não tenham feito um mínimo de 3 passes podem não aparecer na rede e deste modo temos as ligações mais estáveis na dinâmica da equipa.

Projecto do Laboratório de Perícia no Desporto da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa em parceria com o Programa Doutoral em Ciências da Complexidade (ISCTE-IUL e FCUL).
Coordenador:
Duarte Araújo (FMH-UL)
Equipa:
Rui Lopes (ISCTE-IUL e IT-IUL)
João Paulo Ramos (ISCTE-IUL e FEFD-ULHT)
José Pedro Silva (FMH-UL)
Carlos Manuel Silva (FMH-UL)

Esta análise foi publicada no Público online de 22 de junho 2014:
http://www.publico.pt/desporto/noticia/ganaeua-a-lupa-bradley-e-o-cerebro-de-uma-equipa-que-preferiu-o-contraataque-1659972