Saturday 28 June 2014

A participação de Portugal na fase de grupos à lupa: Fluxo do jogo maioritariamente pelo corredor direito. 

O terceiro jogo de Portugal na fase de grupos do Mundial foi com o Gana. Apresentamos a análise deste jogo, ligando-a ao desempenho de Portugal nos restantes jogos. Na figura “rede de acções” do jogo Portugal-Gana, vemos as acções realizadas com a bola pelos jogadores, tais como passes, lançamentos, cortes de cabeça, cantos e cruzamentos. O tamanho dos nós (jogadores) é definido pelo número de jogadores com que interage cada jogador. A largura das ligações aumenta em função do número de acções realizados entre dois jogadores. Os nós mais amarelos significam menor precisão nas ações, mais vermelho indica maior precisão.


A rede que caracteriza a dinâmica de interacções de Portugal revela que as ligações mais fortes ocorreram de e para Moutinho, com Nani, Carvalho e Ronaldo. Moutinho fez a ligação entre o meio-campo e os jogadores avançados, sendo quem mais interagiu com os 3 jogadores atacantes. Estabeleceu também a ligação com o corredor direito, para Pereira. Estas ligações de Moutinho foram diferentes nas dinâmicas de Portugal em jogos anteriores, onde os defesas laterais eram quem apresentava mais ligações com os médios alas. A mudança pode ter sido despoletada com a inclusão do médio Amorim.

Por outro lado, William Carvalho foi essencial na primeira fase de construção do ataque, circulando a bola entre os defesas centrais. Fez também a ligação com o corredor esquerdo, para Veloso. Participou na segunda fase de construção do ataque, sendo um elemento de ligação entre a defesa e o meio-campo, ligando-se a Moutinho e Amorim. Revelou também fazer a ligação de um corredor para outro, fazendo chegar a bola aos médios alas.

Os jogadores do meio-campo ligaram-se pouco a Éder, tal como tinha acontecido em jogos anteriores. No entanto os defesas Bruno Alves e João Pereira solicitaram-no em ataques rápidos. Na defesa as ligações mais fortes são do lado esquerdo, com Pepe a ligar com Moutinho e Bruno Alves. Bruno Alves e Veloso a procurar preferencialmente Carvalho.

A rede de acções do Gana mostrou uma forte ligação dos defesas laterais para os médios alas. Asamoah apresentou uma forte ligação com Mensah. Badu substituiu Muntari, realizando um padrão na circulação de bola para o corredor direito, para o defesa Afful e deste para o médio Atsu. Os dois alas ligam-se ao avançado Gyan sem reciprocidade, uma vez que é um jogador de finalização, mas com fraca precisão. O remate que acertou na baliza fez golo. A precisão dos jogadores portugueses foi bem maior que a dos ganeses, tendo sido Cristiano Ronaldo o jogador que mais rematou à baliza.

No gráfico da intensidade de passes ao longo do tempo de jogo,  verifica-se que os ganeses poucas vezes fizeram mais de 6 passes seguidos, o que demonstra a grande apetência para explorar o contra-ataque. O golo do Gana surge de contra-ataque após recuperação de bola do lado direito, no meio campo (Gyan, 57’). O golo surge num momento em que Portugal praticamente não tem interações.
Os dois golos de Portugal surgem aquando as duas variações mais altas seguidas de intensidade de passe, quer na 1ª parte (aos 31’), quer nas duas variações mais altas sucessivas de intensidade de passe na 2ª parte (Ronaldo, 80’).

Ao longo dos três jogos, a equipa de Portugal teve várias alterações de jogadores nos vários sectores:
1) na defesa: Pereira e Amorim à direita; Veloso, Coentrão e A. Almeida à esquerda; Pepe e Costa no centro;
2) no meio campo: Meireles e Amorim; Veloso e Carvalho; 3)
no ataque: H. Almeida, Postiga e Éder; 4)
na baliza: Patrício, Beto e Eduardo. Estas alterações são expressas na dinâmica da equipa, pela ausência de interacções estáveis em muitos dos seus elementos.
O padrão se pode verificar é precisamente entre dos jogadores mais utilizados: Pereira-Moutinho-Nani .
Para a ligação da defesa ao meio-campo verifica-se a importância  de B. Alves a receber muitos passes e a ligar com Meireles/Veloso e Moutinho. Na exploração de situações de ataque, verifica-se a ligação entre os defesas laterais e Moutinho e deste para Ronaldo e Nani. João Moutinho foi muito procurado para circular a bola entre corredores, ligando-se fortemente aos dois laterais e aos dois médios alas.
Éder foi mais procurado pelos defesas, indicando a procura de jogo directo para o ataque português. Manifestou também ligações com os jogadores posicionados mais à direita como é o caso de Moutinho e Nani.
A dinâmica de cada equipa ao longo do jogo pode ser captada em forma de rede de acções. A rede é constituída por nós (jogadores posicionados aproximadamente como em campo) e ligações (setas) entre os nós. A análise da dinâmica da equipa implica que se incluam os jogadores substituídos (tempo de jogo à frente do nome), por isso mais de 11 jogadores podem fazer parte da rede. Do mesmo modo, jogadores que não tenham feito um mínimo de 3 passes podem não aparecer na rede e deste modo temos as ligações mais estáveis na dinâmica da equipa.

Projecto do Laboratório de Perícia no Desporto da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa em parceria com o Programa Doutoral em Ciências da Complexidade (ISCTE-IUL e FCUL).
Coordenador:
Duarte Araújo (FMH-UL)
Equipa:
Rui Lopes (ISCTE-IUL e IT-IUL)
João Paulo Ramos (ISCTE-IUL e FEFD-ULHT)
José Pedro Silva (FMH-UL)
Carlos Manuel Silva (FMH-UL)

Gana-Alemanha à lupa:  O perigo do Gana vem dos corredores laterais.

Na figura “rede de acções” do Gana-Alemanha, vemos as acções realizadas com a bola pelos jogadores, tais como passes, lançamentos, cortes de cabeça, cantos e cruzamentos. O tamanho dos nós (jogadores) é definido pelo número de jogadores com que interage cada jogador. A largura das ligações aumenta em função do número de acções realizados entre dois jogadores. Os nós mais amarelos significam menor precisão nas ações, mais vermelho indica maior precisão.

A rede de ações do Gana mostra que os defesas laterais são os elementos que realizaram ligações mais fortes, no caso do corredor direito entre Afful e Atsu e no corredor esquerdo a ligação Asamoah-Mensah. Estes jogadores fazem a ligação com os jogadores atacantes. Os dois corredores são ligados sobretudo por Muntani, havendo uma tendência de circular a bola da direita para a esquerda e pouco no corredor central em direcção à baliza adversária. Os golos do Gana surgiram de um cruzamento da linha lateral e de um contra-ataque.
A rede de da Alemanha tem uma densidade superior ao Gana. Construiu o jogo de trás para a frente, com Lahm a jogar perto dos dois defesas centrais e a ser acompanhado subida dos laterais. Lahm apresenta-se como o jogador que dinamiza, pelo elevado número de interacções, a segunda fase de construção do ataque ligando a defesa ao meio campo. Kroos continua a ser o jogador a fazer a ligação entre o meio-campo e o ataque, sendo ainda procurado para a circulação de bola de um corredor lateral para outro (ligação com Khedira e Ozil). Neste jogo a Alemanha teve preferência em utilizar os jogadores do corredor esquerdo, em comparação com o jogo com Portugal em que utilizaram mais o corredor direito (tal como fizeram os EUA). Gotze e Muller são os jogadores alemães com mais remates e simultaneamente com maior precisão (à baliza) e apresentaram ligações com os elementos do meio-campo superiores às ligações do Gana entre médios e atacantes, demonstrando posse de bola em zona do campo mais avançadas e centrais. Os golos surgiram de um canto e de um cruzamento em diagonal dentro do corredor central. O Gana rematou menos que a Alemanha, mas teve mais jogadores a rematar à baliza. Em relação ao jogo Gana x EUA, os ganeses neste segundo jogo apresentaram menos interacções ao longo do jogo.

Em termos da intensidade das interacções ao longo do tempo do jogo, a Alemanha foi dominante praticamente em todo o jogo, mostrando mais ligações antes de marcar o primeiro golo e antes de ganhar o canto que originou o segundo golo (Gotze 51’ e Klose 71’). Mas é interessante constatar, no caso do Gana, que apresenta uma fase em que manifesta superioridade de interacções da qual acontece o primeiro golo (A. Ayew 54’). Já o segundo golo (A. Gyan 63’) surgiu de um contra-ataque num momento em que a Alemanha apresentava maior intensidade de interacções que o Gana.

Na rede de acções que sintetiza os dois jogos realizados neste Mundial pelo Gana, realça-se a ligação forte do triângulo: Mensah-Asamoah-Muntari. Estes dois últimos ligam-se ao extremo esquerdo A. Ayew, o qual tem pouca precisão, não dando seguimento a muitas jogadas. Em termos de precisão nas interacções (menos perdas de bola e passes falhados), destaca-se defesa esquerdo Asamoah, o médio Rabiu e o extremo Atsu. Ambos os corredores laterais são muito usados no ataque, com especial destaque para o corredor direito. Os defesas laterais ligam-se directamente ao avançado centro Gyan. Por outro lado, os dois médios Muntari e Rabiu ligam-se pouco. No jogo com Portugal, Munari não irá jogar devido a acumulação de cartões amarelos.
A dinâmica de cada equipa ao longo do jogo pode ser captada em forma de rede de acções. A rede é constituída por nós (jogadores posicionados aproximadamente como em campo) e ligações (setas) entre os nós. A análise da dinâmica da equipa implica que se incluam os jogadores substituídos (tempo de jogo à frente do nome), por isso mais de 11 jogadores podem fazer parte da rede. Do mesmo modo, jogadores que não tenham feito um mínimo de 3 passes podem não aparecer na rede e deste modo temos as ligações mais estáveis na dinâmica da equipa.

Projecto do Laboratório de Perícia no Desporto da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa em parceria com o Programa Doutoral em Ciências da Complexidade (ISCTE-IUL e FCUL).
Coordenador:
Duarte Araújo (FMH-UL)
Equipa:
Rui Lopes (ISCTE-IUL e IT-IUL)
João Paulo Ramos (ISCTE-IUL e FEFD-ULHT)
José Pedro Silva (FMH-UL)
Carlos Manuel Silva (FMH-UL)

Analise publicada no jornal Público online em 26 de junho de 2014
http://www.publico.pt/desporto/noticia/ganaalemanha-a-lupa-o-perigo-do-gana-vem-dos-corredores-laterais-1660412

Monday 23 June 2014


Portugal-EUA à lupa: Ligação entre médios e atacantes e pouca precisão no remate de Portugal despoletados pela densidade defensiva dos jogadores dos EUA.



Na figura “rede de acções” do Portugal-EUA, vemos as acções realizadas com a bola pelos jogadores, tais como passes, lançamentos, cortes de cabeça, cantos e cruzamentos. O tamanho dos nós (jogadores) é definido pelo número de jogadores com que interage cada jogador. A largura das ligações aumenta em função do número de acções realizados entre dois jogadores. Os nós mais amarelos significam menor precisão nas ações, mais vermelho indica maior precisão.


A rede de ações dos EUA mostra que jogaram com dois médios defensivos (Jones e Beckerman) e apenas com um avançado (Dempsey), reforçando o meio-campo em relação ao jogo com o Gana. Esta alteração facilitou a construção do ataque dos EUA, cuja rede está mais orientada no sentido do ataque. Para isso contribuiu o jogo distribuído por Bradley, que em conjunto com Beckerman, potenciaram o corredor direito, em que Johnson subiu muitas vezes no campo e criou várias situações de remate à baliza. Foi por este corredor que surgiu o 2º golo dos EUA (Dempsey aos 81’). Esta organização dos EUA foi bem sucedida em impedir a construção do ataque de Portugal pelo corredor central, e a impedir a ligação entre os médios e o avançado centro, Éder. Ver diferenças entre a dinâmica na primeira e na segunda parte do jogo.




Na rede de Portugal, as ligações mais densas são entre elementos do mesmo sector, representando uma posse de bola que avança pouco no campo. Mesmo os jogadores mais avançados no campo apresentam um padrão de passes para trás, com especial destaque para Éder. Éder rematou à baliza sobretudo após recuperar a bola a jogadores estadunidenses. As ligações com o ataque foram maioritariamente pelo corredor direito, entre João Pereira, Moutinho e Nani. Moutinho foi o jogador responsável por conduzir o ataque português, como revelam as muitas ligações realizadas para ele. No entanto, estas ligações foram inconsequentes para a eficácia portuguesa, devido à imprecisão das acções de Nani e aos remates para fora de Ronaldo. Apesar disso, Portugal rematou mais vezes e com mais jogadores, tendo sido Cristiano Ronaldo o jogador português que mais remates realizou. Na sua maioria, os remates portugueses surgiram de cruzamentos ou de ressaltos de bola após os cruzamentos, como aconteceu nos dois golos de Portugal.



Portugal recuperou muitas vezes a bola e manteve-a na sua posse: o turnover mais vermelho indica que a bola se manteve na posse da equipa. Todavia foi num turnover dos EUA que Jones recuperou a bola de Nani e marcou o primeiro golo dos EUA (Jones, 64’).



Em termos da intensidade dos passes ao longo do tempo do jogo, Portugal foi dominante no início (Nani marcou aos 5’), embora ao longo da primeira parte os EUA tivessem durante mais tempo um maior número de passes. Na segunda parte Portugal aumentou a intensidade, verificando-se uma maior supremacia no final do jogo (Varela marcou aos 90’+5).



A dinâmica de cada equipa ao longo do jogo pode ser captada em forma de rede de acções. A rede é constituída por nós (jogadores posicionados aproximadamente como em campo) e ligações (setas) entre os nós. A análise da dinâmica da equipa implica que se incluam os jogadores substituídos (tempo de jogo à frente do nome), por isso mais de 11 jogadores podem fazer parte da rede. Do mesmo modo, jogadores que não tenham feito um mínimo de 3 passes podem não aparecer na rede e deste modo temos as ligações mais estáveis na dinâmica da equipa.
Projecto do Laboratório de Perícia no Desporto da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa em parceria com o Programa Doutoral em Ciências da Complexidade (ISCTE-IUL e FCUL).
Coordenador:
Duarte Araújo (FMH-UL)
Equipa:
Rui Lopes (ISCTE-IUL e IT-IUL)
João Paulo Ramos (ISCTE-IUL e FEFD-ULHT)
José Pedro Silva (FMH-UL)
Carlos Manuel Silva (FMH-UL)
Publicado no Jornal Público online de 23 de junho:
http://www.publico.pt/desporto/noticia/euaportugal-a-lupa-pouco-ataque-pelo-meio-e-pouca-precisao-no-remate-1660182

Sunday 22 June 2014

Gana-EUA à lupa: Bradley é o cérebro de uma equipa que preferiu o contra-ataque

Na figura “rede de acções” do Gana-EUA, vemos as acções realizadas com a bola pelos jogadores, tais como passes, lançamentos, cortes de cabeça, cantos, cruzamentos. O tamanho dos nós (jogadores) é definido pelo número de jogadores com que interage cada jogador. A largura das ligações aumenta em função do número de acções realizados entre dois jogadores. Os nós mais amarelos significam menor precisão nas ações, mais vermelho indica maior precisão.

Na rede de ações, a ligação mais forte nos EUA é Beasley-Jones.  Todavia, Jones dá uma continuidade previsível a estas acções, ou para Johannsson ou para Dempsey, tendo no entanto sido através desta última ligação que surgiu o 1º golo. Acrescido a isso, os EUA mostram que os médios centrais participam em muitas jogadas e com grande precisão, nomeadamente  Beckerman e Bradley o qual liga com Johannsson no ataque, e também ele com muita eficácia. Bradley é o jogador responsável pela organização do ataque da sua equipa como o demonstram as muitas relações que estabelece com os seus colegas. Pelo lado direito vemos que Zusi e  Johnson são também jogadores com elevada precisão nas suas acções, contrastando com Bedoya, que embora participe em muitas interacções, tem menor precisão. O golo aos 30 segundos de Dempsey pode ter influenciado os EUA a aproximar-se da sua baliza e sair preferencialmente em contra-ataque (o canto em que Brooks  marcou o segundo golo, aos 86', foi na sequência de um contra-ataque), dando espaço para a equipa do Gana ter mais a posse da bola.
Quanto ao Gana, revela uma maior precisão em todos os jogadores excepto o atacante Gyan. A ligação entre os defesas e os médios é muito mais robusta que a ligação entre médios e atacantes. O Gana apresenta várias ligações estáveis, nomeadamente Asamoah-Muntari, Opare-Atsu e Mensah-Asamoah.  Asamoah é um jogador muito influente e eficaz na 1ª construção do ataque, tendo participação essencial no golo do empate marcado por A. Ayew aos 82’. Já Opare é o jogador com mais passes errados do Gana: 15. No meio-campo, Essien é um jogador que revela grande precisão e influencia na equipa embora só tenha jogado cerca de 20’.


A dinâmica de cada equipa ao longo do jogo pode ser captada em forma de rede. A rede é constituída por nós (jogadores posicionados aproximadamente como em campo) e ligações (setas) entre os nós. A análise da dinâmica da equipa implica que se incluam os jogadores substituídos (tempo de jogo à frente do nome), por isso mais de 11 jogadores podem fazer parte da rede. Do mesmo modo, jogadores que não tenham feito um mínimo de 3 passes podem não aparecer na rede e deste modo temos as ligações mais estáveis na dinâmica da equipa.

Projecto do Laboratório de Perícia no Desporto da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa em parceria com o Programa Doutoral em Ciências da Complexidade (ISCTE-IUL e FCUL).
Coordenador:
Duarte Araújo (FMH-UL)
Equipa:
Rui Lopes (ISCTE-IUL e IT-IUL)
João Paulo Ramos (ISCTE-IUL e FEFD-ULHT)
José Pedro Silva (FMH-UL)
Carlos Manuel Silva (FMH-UL)

Esta análise foi publicada no Público online de 22 de junho 2014:
http://www.publico.pt/desporto/noticia/ganaeua-a-lupa-bradley-e-o-cerebro-de-uma-equipa-que-preferiu-o-contraataque-1659972


Tuesday 17 June 2014

Portugal-Alemanha à lupa: não houve ligação entre médios e avançados.


  • Nota Introdutória: A dinâmica de cada equipa ao longo do jogo pode ser captada em forma de rede. A rede é constituída por nós (jogadores posicionados aproximadamente como em campo) e ligações (setas) entre os nós. A análise da dinâmica da equipa implica que se incluam os jogadores substituídos (tempo de jogo à frente do nome), por isso mais de 11 jogadores podem fazer parte da rede. Do mesmo modo, jogadores que não tenham feito um mínimo de 3 passes podem não aparecer na rede e deste modo temos as ligações mais estáveis na dinâmica da equipa

  • Na figura “rede de ações” vemos as ações realizadas com a bola pelos jogadores (p.ex., passes, lançamentos, cortes de cabeça, cantos, cruzamentos). O tamanho dos nós (jogadores) é definido pelo número de passes de cada jogador. A largura das ligações aumenta em função do número de passes realizados entre dois jogadores. Os nós mais amarelos significam menor precisão nas ações, mais vermelho indica maior precisão.


  • Na rede de ações Portuguesa vemos que foram essencialmente os defesas laterais que assistiram os extremos, nomeadamente Coentrão a assistir Ronaldo (31 passes, predominantemente a meio do campo e portanto sem perigo). No geral, foi muito reduzido o fluxo de passes dos médios para os atacantes, incluindo Moutinho. Bruno Alves foi o jogador que mais passes efetuou (109 passes) revelando-se um jogador chave na fase inicial de construção do ataque de Portugal. Este aspecto pode-se ligar ao facto de Pepe e Pereira terem sido os jogadores com maior número de passes errados (28 e 30 respectivamente, ver figura “Passes errados e Perdas de bola” cujas setas apenas aparecem nos jogadores que realizaram mais de 3 destas ações). Estes aspectos indiciam uma ação da Alemanha a dificultar a construção do ataque de Portugal. A Alemanha evidencia mais jogadores com passes mais precisos, uma ligação mais forte entre defesas centrais, médios centro e extremo esquerdo, nomeadamente através de Kroos. Muller foi o jogador que mais ligações teve com jogadores diferentes, o que tornou a dinâmica do ataque da Alemanha mais imprevisível. Portugal tem muitas ligações fortes no sentido da própria baliza ou perpendicular ao sentido do ataque (Coentrão-Alves, Veloso-Coentrão, Moutinho-Pereira, Alves-Pepe, Nani-Moutinho) ao contrário da Alemanha que apresenta as suas ligações mais fortes no sentido do ataque. João Pereira e Miguel Veloso foram os jogadores que mais vezes perderam a bola para os Alemães. 

    A Alemanha tem uma densidade da rede de ações menor que a Portuguesa (0,665 e 0,697 respectivamente), mostrando ter realizado mais interações entre todos os jogadores. Todavia, uma vez que a rede de ações de Portugal se encontra pouco conectada entre os médios e os atacantes, e Portugal revelou mais perdas de bola e passes falhados que a Alemanha, isto revela uma dinâmica colectiva pouco eficaz. Por outro lado a Alemanha apresenta um padrão mais flexível, com trocas posicionais e linhas de passe menos previsíveis, passes mais precisos e com ações localizadas mais ao centro.


    Em termos gerais podemos ver que a intensidade de passes com sucesso ao longo do jogo foi superior na Alemanha, sobretudo no segundo tempo, onde marcou um golo aos 78’. Na primeira parte, a maior intensidade de passes oscilou entre Portugal e Alemanha, tendo Portugal sofrido 3 golos aos minutos 12, 32 e 45+1.

    Projecto do Laboratório de Perícia no Desporto da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa em parceria com o Programa Doutoral em Ciências da Complexidade (ISCTE-IUL e FCUL).
    Coordenador:
    Duarte Araújo (FMH-UL)
    Equipa:
    Rui Lopes (ISCTE-IUL e IT-IUL)
    João Paulo Ramos (ISCTE-IUL)
    José Pedro Silva (FMH-UL)
    Carlos Manuel Silva (FMH-UL)

    Esta análise foi publicada no Público online de 17 de junho 2014:
    http://www.publico.pt/desporto/noticia/portugalalemanha-a-lupa-nao-houve-ligacao-entre-medios-e-avancados-1659023




Friday 13 June 2014

Análise da dinâmica das equipas: jogo Portugal-Irlanda

  • Jogo Portugal-Irlanda
  • A dinâmica de cada equipa ao longo do jogo pode ser captada em forma rede. A rede é constituída por nós (jogadores posicionados tal como em campo) e ligações (setas) entre os nós. O tamanho dos nós é definido pelo número de interações do jogador com a bola. A largura das ligações aumenta em função do número de passes realizados entre dois jogadores. A análise da dinâmica da equipa implica que se incluam os jogadores substituídos (tempo de jogo à frente do nome), por isso mais de 11 jogadores podem fazer parte da rede. Para destacar os aspectos mais estáveis da dinâmica da equipa, apenas são apresentadas os nós e as ligações que ocorreram acima de 15% do total das ocorrências da equipa.

  • Através da análise da rede constata-se que o ataque de Portugal pelo lado direito assenta sobretudo na ligação entre Amorim e Varela, da qual resultaram o 1º e o 3º golos de Portugal. Amorim distribui regularmente para Ronaldo, Moutinho ou Meireles. Pelo lado esquerdo, o ataque é mais flexível através das interações entre William Carvalho, Moutinho (que também recebe de Amorim) e Coentrão. O lado esquerdo foi explorado, sobretudo na segunda parte, em contra-ataque e por isso revela menos ligações entre nós (4º e 5º golos). Há uma convergência flexível de passes para Ronaldo vindas de Coentrão, Moutinho, Meireles e Varela. De destacar em termos centrais a ligação direta entre Rui Patrício e Hugo Almeida, o qual também é assistido por Carvalho. 

  • Em termos defensivos, destacamos os jogadores que iniciam a jogada após a perda de bola da Irlanda, nomeadamente William Carvalho, mas também de André Almeida e Ricardo Costa.

  • O jogador de quem a Irlanda mais recuperou a bola foi Hugo Almeida.

  • Em termos gerais podemos ver que a intensidade das interações de Portugal (número de passes) foi superior à da Irlanda e que quando a Irlanda aumentava a sua intensidade, Portugal rapidamente aumentava a sua e durante mais tempo.
  •  
  • Projecto do Laboratório de Perícia no Desporto da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa em parceria com o Programa Doutoral em Ciências da Complexidade (ISCTE-IUL e FCUL).
  • Coordenador:
  • Duarte Araújo (FMH-UL)
  • Equipa:
  • Rui Lopes (ISCTE-IUL e IT-IUL)
  • João Paulo Ramos (ISCTE-IUL)
  • José Pedro Silva (FMH-UL)
  • Carlos Manuel Silva (FMH-UL)



Friday 6 June 2014

Welcome to the SpertLab blog!


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